terça-feira, 26 de agosto de 2008

Artes Imersivas: Interfaces e Implicações Estéticas e Políticas

Iniciou dia 25 de agosto a disciplina Artes Imersivas: Interfaces e Implicações Estéticas e Políticas .
PPGAV CEART UDESC 2008. A discilplina é ministrada pela Dra. Yara Guasque, coordenadora do PPGAV.

Conforme ementa da disciplina, a telepresença pode ser considerada uma arte imersiva por gerar um metaobservador, aquele que alterna sua observação da ação entre os pontos de vista: o externo e distante do campo de ação que é o da câmera renascentista, e o ponto de vista da primeira pessoa. As questões colocadas pela indistinção entre o real e o virtual, que ocorre nas artes imersivas, e pela expansão do espectro do visível que com a automação da visão abarca todo o campo eletromagnético se referem não só à ordem estética, mas também política.


A disciplina aborda as questões conceituais dos ambientes imersivos, participativos e interativos; reflete sobre os objetos e ambientes criados pelas novas mídias; e propõe a construção de um objeto ou de ambiente, o qual propicie o desenvolvimento de design de interação e que ocasione a reflexão dessas questões.



sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Livro de Artista



Estive presente no auditório do CEART/UDESC, na palestra sobre o título e tema Livro de Artista na Contemporaneidade na UDESC. Os palestrantes foram Bernadete Panek(PR) e Paulo Silveira (RS).

Bernadete, mestre pela UFPR, inicia a fala apresentando uma imagem da capa do livro UN COUP DE DÉS JAMAIS N'ABOLIRA LE HASARD, de Stéphane Mallarmé.





Bernadete recorreu á História da Arte para justificar e apresentar os motivos de sua pesquisa, citando as origens do livro, passando pelo pergaminho, o papiro e a demonstração da imagem de uma bíblia de papel de velino, um animal sacrificado recém nascido ou feto, de onde se aproveitara o tecido epitelial para preparação do papel bíblico. Chama atenção a encadernação do manuscrito pela preocupação estética.










As ilustrações de William Morris acrescentam este cuidado estético, na busca de um "livo ideal": os distanciamentos, as bordas, a relação da linha de texto, do espaço em branco, da forma do livro dentro e fora.


Outro exemplo apresentado na fala de Bernadete foi a capa de "Album Fran co. Goya y Lucientes", um livro de Goya que tem título seu nome completo, acrescido de auto retrato. Neste álbum, Goya coloca pequenos textos á cada imagem. Os textos permeiam a discussão político social que acontecia na Espanha. Todas as páginas deste álbum são numeradas no canto superior direito. O texto complementa a imagem, que é superior ao texto, pois é um álbum de gravuras com um pequeno texto.


Bernadete segue a apresentação com JAZZ de Henri Matisse, da Zériade Éditur. Sua grande característica é a escrita num processo gestual, o valor da linha do texto, da palavra, no mesmo valor da imagem. As pranchas são dobradas e colocadas na caixa.



A apresentação chega por fim na abordagem contemporânea, a partir de Duchamp, que enviou a sua irmã como presente de casamento um livro de geometria com as devidas instruções para que o mesmo seja montado e que o mesmo fosse lido ao vento, para que este virasse as páginas.





A palestrante comenta que a utilização do termo livro de artista aparece no século XX, nos anos 60. Artistas como, Waltércio Caldas (Livro objeto 1996), Augusto de Campos, Julio Plaza (Poemóbiles 1974) inventaram seus livros de artista, dando forma a este conceito hoje desenvolvido.



Marcel Broodthares fez uma releitura do livro de Mallarmé, com uma publicação exatamente igual, no lugar da editora, coloca o nome da galeria e copia o poema de Mallarmé, porém em linhas.

Alguns artistas como Ian Hemilton,
Hamish Fulton 1988 e On Kawara trabalham com o conceito de "livro expandido", onde o contexto do livro é a instalação.













A apresentação de Bernadete Panak acaba com dois comentários, um sobre a obra de Rachel Witheread,
um monumento em Viena em homenganem aos judeus mortos. A obra pública é constituída de uma biblioteca invertida, ou seja, a lombada do livro fica escondida do manuseante. Cada livro contém um nome do campo de concentração no período da II Guerra Mundial.

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O comentário final é sobre um vídeo feito a partir de fotos de revistas da guerrilha colombiana. Ao centro da projeção deste vídeo, o foco em uma cena trágica, enquanto que nas laterais, o projetor apresenta imagens de mãos aplaudindo a cena em foco. Bernadete acentua o fato deste vídeo possuir som e áudio bem fortes e altos. Perdi por fim, a referência ao nome deste artista.

Paulo Silveira, Dr. pela UFRGS, apresentou seus "Apontamentos sobre a situação do livro de artista".

A exclamação de Paulo, a partir de uma lâmina apresentada no início de sua fala, onde aparecia a sua sombra sobre a palavra "Shadow" era de que "Não é um livro, é um campo expandido. Há o livro de artista, há a emoção e a doçura que nos mantém."

Paulo apresenta alguns exemplos, como o de Adriana Leão e o Livro TS BO - artistas latinoamericanos e vai explicitanto ao longo da apresentação quanto á diferença entre:
OBJETOS DE ARTISTAS E SEUS ESPAÇOS SIMBÓLICOS x A PUBLICAÇÃO DO ARTISTA E SEUS ESPAÇOS SIMBÓLICOS. São explicitadas as obras de DUCHAMP (From or by MD or Rose Selecty in Valise), Cildo Meirelles (Inserções em Sistemas/Coca-Cola), Pierre Manzoni, Yves Klein (Dimanche), Felix Gozales Torres (Bienal de Veneza 2002, trabalho que pode ser impresso e levado para casa), Bruno Munari (Suplemento al dizionario, fac símile), Julio Plaza e Augusto de Campos (Poemóbiles), Hamish Fulton (..."song of the cuckoo"...), Jiri Kolar (livro disfuncional, congelados e escritos manuscritos na textura), Daniel Spoerri (An anecdoted topography of chance), Richard Long (A walk across england), Scott Maccarney (alphabook3), Martha Hellion (dona de uma editora/England), Fischli e Weiss (Will Hapins Find me?), Wolfgang Tillmans (Teachen 2006, Why we must provide HIV treatment), Pierre Huyghe.






Paulo apresenta ainda livrarias (Printed Matter/NY, Bookartbookshop/London), centros de aprendizagem (The Center for Book Arts) e exposições (de Ed Ruscha, LAB'06, Feira do Livro de Frankfurt e Salão do Livro de Paris) que tem como abordagem, conceito, meio e definição o Livro de Artista.